A Canção da Menininha

Há muitos anos, eu trabalhei para uma empresa do governo estadual, numa cidadezinha do interior do Rio Grande do Sul e meus pais moravam numa cidade próxima à capital, Porto Alegre. Quando eu vinha para a casa dos meus pais, eu saía dessa cidade lá do interior, pegava um ônibus, às 15 para meia-noite ele saía.

Ele seguia até uma cidade chamada Carazinho, ficava meia-hora lá e depois seguia em frente. Tudo estava normal, até que um dia eu peguei uma poltrona do ônibus do lado direito da janela. E quando passei dessa cidade, que ele ficava 30 minutos parado e depois seguia em frente, quando eu estava descendo a serra, eu me acordei de madrugada de repente, isso eram as três horas da madrugada, um pouco mais, um pouco menos, com a voz de uma menina que aparentava pela voz ter uns seis, sete anos.

Eu lembro até hoje a voz dela cantarolando uma música, uma musiquinha. E aquilo não parava, e aquilo me incomodou um pouco, aquelas horas, os pais deixando a criança cantar, perturbando o sono dos passageiros. Eu olhei e não vi ninguém.

Aí eu levantei como se fosse no banheiro para ver quem era, todo mundo em silêncio, dormindo. Eu voltei e deixei por isso mesmo. Um tempo depois aconteceu de eu pegar uma poltrona do lado direito, na janela, e praticamente no mesmo lugar, eu escutei aquela menina cantarolando.

De novo eu levantei para ver quem era e não tinha ninguém. Eu achei estranho e resolvi numa próxima vez que conseguisse sentar em uma poltrona na janela do lado direito, quando chegasse esse horário eu ficar acordado, mais ou menos nesse lugar para ver o que tinha. Então como eu já tinha percebido que por lá dentro do ônibus não havia nada, eu queria olhar para o lado de fora para ver o que eu iria perceber.

Uma noite aconteceu de a minha passagem ser neste local, esperei, mas como eu estava cansado eu cochilei, quando estava passando próximo ao local, eu escutei a canção daquela menininha. Eu acordei de sobressalto e olhei automaticamente para fora, como eu já tinha me programado para isso, e a única coisa que vi lá fora era uma cruz na beira da estrada, descendo aquela serra. Depois disso, apesar de eu tentar evitar pegar a poltrona do lado direito na janela, mas mesmo quando isso acorria, nunca mais aconteceu.

Eu não consigo lembrar se eu fiz uma oração, alguma coisa, eu não lembro, mas eu sei que isso parou.

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