Batidas e Vozes Misteriosas e Assustadoras na Madrugada
Isso que aconteceu há muitos anos. Eu tinha bem menos de 10 anos. De alguma forma, eu lembro muita coisa.
Mas como eu cresci ouvindo meus pais, meu tio falando, as coisas ficaram mais claras. Era noite, já era de madrugada. A gente morava em uma cidade bem no interior aqui do Rio Grande do Sul.
Já era de madrugada, quando nos acordamos com uma batida insistente na porta. A nossa casa, que era alugada naquela época, era uma casa de madeira e tinha uma área na frente, que o chão era de concreto, piso polido. E o pátio, na volta, era de terra com um pomar nos fundos.
Do portão até a área, tinha uma calçada feita de pedra, que dava na porta da frente. Então, de madrugada, aquela batida insistente na porta, todo mundo se acordou, inclusive eu. Quando a gente se acordou com aquela batida, o meu pai se levantou para ver quem estava batendo e perguntou quem era, ninguém respondeu.
Aí o meu tio, que naquela época morava conosco, irmão da minha mãe, ele tinha seus 20 e poucos anos, levantou-se para ver aquilo, e o pai perguntou, mas quem é que está batendo nessa hora da madrugada? O que é? A batida silenciou e depois começou a bater de novo. E estavam meu pai e meu tio na porta, essa parte eu não vi porque a mãe não me deixou sair do quarto, mas a mãe, o pai e meu tio contavam no passar dos anos. Insistiram para saber quem era, aí uma voz de mulher disse que tinha uma notícia, tinha algo para falar para o meu tio, que era da minha tia, irmã dele, irmã da minha mãe também.
E o meu tio disse, então diga o que é. Daí a voz desconhecida de mulher disse, então abra a porta. E o meu tio disse algo tipo, não é assim, chegar na casa de alguém de madrugada batendo e quer abra a porta, me dê a mensagem e vá embora. Aquela voz silenciou, e eles ficaram esperando.
A mãe nervosa, preocupada, estava com minhas irmãs que eram novas também, aí de repente a batida começou, bateu na porta, e o pai e o meu tio se zangaram e começaram a praguejar e xingar, que era para ir embora. De repente aquela batida começou de forma muito rápida, batia em todas as paredes da casa que era de madeira, nas paredes em volta da casa, mas de forma muito rápida. E batia muito rápido, batia inclusive num lugar quase no teto, e batia embaixo, muito rápido, aquelas constantes, insistentes, enervantes batidas.
O pai, e o meu tio, se irritaram tanto com aquilo, eu lembro que vi o pai passando pela porta do quarto, o pai com o facão na mão, e o meu tio com um machado, a gente tinha um fogão a lenha na cozinha nos fundos, e tinha o machado para cortar a lenha. A mãe pedindo para eles não saírem. Os dois saíram da casa com a lanterna, ficaram alguns minutos lá fora, e de repente entraram, olharam um tanto assustados e preocupados, porque tinha chovido um pouco antes de começar as batidas e a voz misteriosa e assustadora.
A mãe perguntou o que era, e o pai chacoalhou a cabeça, não queria dizer, daí o meu tio falou, não tem pegada nenhuma no chão. A terra lá não tem pegada, andamos em volta da casa, não tem pegada, a gente procurou sinal de passos, no chão não tem, a área tá limpa, a única pegada que tem é a nossa, que a gente pisou aqui, tava limpinha, a primeira coisa que a gente percebeu, foi isso que a área estava limpa, não tinha sinal nenhum no chão, como se ninguém tivesse estado ali. Agora tem pegada, mas é as nossas.
A gente andou por volta da casa, não tinha pegada nenhuma, a não ser as nossas. Tocamos a lanterna, não tem nada, sinal nenhum no chão.
Aí fomos todos dormir, a mãe fez oração, não sei se meu pai e meu tio também fizeram, mas a mãe fez oração, e dormimos, e não houve mais essa batida e nem a voz no resto da noite.
Pela manhã vieram trazer a notícia que a minha avó, mãe do meu pai, tinha falecido naquela noite. É uma coisa muito estranha, mas aconteceu, e isso é uma coisa que ficou na família, os que passaram comentam. Esse mundo é bizarro, e a minha vida é muito estranha…